Por que as pessoas comem demais?
É claro que existem muitos e muitos motivos para se comer “demais”, embora o “demais” seja muito variável de pessoa pra pessoa e dependa também da situação que está sendo vivida por cada um. Por exemplo, se vai ao cinema dentro de um shopping, é bem possível que você seja daquelas pessoas que não vêem “nada demais” em comprar um saco de pipoca e um refrigerante antes de ver seu filme de ação. Parece tão inocente, não é verdade?
Pois é, só que aquele “inocente” saco de pipoca temperado com manteiga pode chegar a te custar até 1.700 calorias, fora o copão de refrigerante, que vai te custar umas 300. Ou seja, 2.000 calorias só em pipoca e refrigerante, e você ainda pretende ter um jantarzinho depois do filme. Será que é dia de engordar?
O pior é que depois você vai explicar pra sua nutricionista, e também pra você mesmo(a) que mandou pra dentro “apenas” pipoca e refrigerante! Isso mostra como muitas vezes somos inocentes, ou desavisados, ou até mesmo ingênuos.
As pessoas frequentemente pensam que para engordar é preciso comer feijoada, macarronada, churrascada… e outras “adas”. Mas não é bem assim. Às vezes, mesmo sem estar estressado você enfia o pé na jaca. Imagine, então, se estiver tenso, angustiado, nervoso!
Desde que viemos ao mundo fomos educados e acostumados a nos aliviar do estresse comendo coisas gostosas. Claro, você não vai se acalmar comendo um pratão de agrião ou de rúcula. A nutricionista até diz: “Se estiver com muita fome à noite, coma uma cenoura”. Cenoura? Não sou coelho! Eu vou é comer bolo, talvez bolo de cenoura. Aí sim vou me acalmar. Afinal de contas eu já percebi como os doces me dão tranqüilidade e paz de espírito.
Sempre foi assim! Em todas as comemorações da minha vida tinha empadinha, croquetinho, pastelzinho… tudo no diminutivo (portanto com poucas calorias), fora o brigadeiro, a língua de sogra, o beijinho… como é que comidinhas com esses nomes tão engraçados podem me fazer mal.
Os médicos e os nutricionistas são mesmo uns chatos, ficam só me proibindo as coisas gostosas e me mandando comer cenoura. Tenha paciência! Isso se não me mandam também fazer ginástica. Que horror! Ginástica nesse frio? Não é melhor comer fondue?
Pois é, minha gente, agora é o médico falando: nada é proibido (a não ser que você mesmo se proíba). A grande arte é ser moderado, controlando o tamanho das porções, controlando o horário da ingestão e prestando atenção às combinações alimentares que você está fazendo. Por exemplo, que tal no restaurante dispensar o couvert? Além de a conta sair bem mais barata, você se livra daquele excesso de pães, cremes, patês, azeitonas e outras “coisitas”, todas elas muito engordativas.
Que tal pensar se aquele prato que você pretende pedir é realmente o mais adequado pra você naquele dia, naquela hora, com aquela companhia que está jantando com você.
Que tal pensar se é aquilo mesmo que vai te fazer bem ou se você está apenas querendo se empanturrar pra esquecer as dores ou decepções que você teve naquele dia. Um cardápio equilibrado é um dos fatores de sucesso quando se quer manutenção de peso.
Outro fator é a prática de atividades físicas: o exercício que você quiser, o exercício que você gostar (tem que gostar de pelo menos um).
E o terceiro fator é o equilíbrio emocional: comer pra viver, e não viver pra comer!
Fonte: Dr. Arthur Kaufmam – Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e coordenador da disciplina de graduação “Psicologia Médica”. Mestre e Doutor em Psiquiatria pela FMUSP. Coordenador do Programa de Atendimento ao Obeso (PRATO) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.