Uberlandense elimina 90kg, muda de vida e se apaixona pela corrida – Matéria Globo Esporte Nacional

 

Uberlandense elimina 90kg, muda de vida e se apaixona pela corrida

Obeso mórbido até 2001, Antônio Carrijo diz que chegou ao fundo do poço. Com apoio da família, ex-vereador já participou até da São Silvestre

Por Diego Alves Uberlândia, MG

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Antônio Carrijo (Foto: Diego Alves)Antônio Carrijo em um dos seus lugares preferidos
em Uberlândia: o Pq. do Sabiá (Foto: Diego Alves)

Quem vê o uberlandense Antônio Carlos Carrijo, de 50 anos, correndo em maratonas e outras provas de atletismo sequer imagina como era a vida dele há 12 nos. Em 2001, sedentário e com a alimentação desregrada, Carrijo chegou aos 163 quilos. Diante do medo da morte e do alerta de familiares e amigos, o ex-vereador e ex-diretor da Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel) decidiu mudar.

– Fui ao fundo do poço. Não conseguia fazer uma atividade que não fosse levantar um copo ou um talher para beber e comer. Depois de ouvir muitos conselhos de pessoas próximas, marquei a cirurgia de redução de estômago em dezembro de 2001. A partir de então as coisas começaram a mudar – contou.

A perda de peso após a cirurgia veio naturalmente, mas ainda faltava alguma coisa para que a vida de Carrijo mudasse de vez. Em 2004, ele procurou a ajuda de um profissional da educação física, que também tinha sido obeso, e incorporou os exercícios à rotina. Com as atividades diárias e a alimentação balanceada, ele eliminou 90 quilos e se apaixonou pela corrida. No currículo, participações na São Silvestre e na Maratona do Rio Grande do Sul. 

– O meu medo maior era voltar a engordar. Por isso, percebi que era importante a atividade física. Me esforcei também para melhorar a minha alimentação, o que foi um desafio no começo. Depois de alguns meses com o meu personal, que tinha passado pelo mesmo drama que eu, a corrida se tornou algo indispensável na minha vida. Criei vários grupos em Uberlândia, os quais já reunimos mais de trezentas pessoas – destacou.

Carrijo,antes e depois (Foto: Arquivo Pessoal)Antônio Carrijo antes e depois da cirurgia
(Foto: Arquivo Pessoal)

Porém, o uberlandense ressalta que tudo isso não seria possível se não fosse pela força que recebeu dentro de casa. Esposa e filhos incentivaram Carrijo a seguir esse caminho e o acompanharam em provas de atletismo até debaixo de chuva.

– O apoio da minha esposa e dos meus dois filhos foi fundamental. Eles sempre estiveram ao meu lado em todas as competições de corrida que participei. Na São Silvestre de 2005 eles ficaram me esperando, debaixo de chuva, cruzar a linha de chegada – relembrou.

Lesões e aprendizados

Alguns obstáculos estiveram no caminho de Carrijo ao longo desses anos. Lesões o afastaram da corrida por determinados períodos. A última delas, uma protrusão discal descoberta em janeiro deste ano, fez com que ele abandonasse os 73 quilos e chegasse aos 89.

Carrijo, Uberlândia (Foto: Arquivo Pessoal)Carrijo encontrou nas pedaladas uma forma de
não deixar o corpo parado (Foto: Arquivo Pessoal)

A alternativa foi encontrar outras atividades físicas que a coluna suportasse para que ele voltasse a emagrecer. Com musculação e pedaladas, Carrijo hoje está com 80 quilos e espera retornar à corrida ainda este ano. Mas sem colocar a saúde em risco.

– Agora estou fazendo um fortalecimento na coluna para que eu possa voltar a correr. O corpo humano tem limites. E eu não respeitava os meus. Fiz meu corpo sofrer por muitos anos com excesso de peso e isso foi extremamente nocivo – afirmou.

Depois de vivenciar situações distintas de vida, Carrijo espera poder servir de exemplo para outras pessoas e destaca que a obesidade deveria ser tratada como questão de saúde pública no país.

– Não há políticas públicas de prevenção da obesidade no Brasil. É um tema que deve ser abordado desde a infância, nas escolas e em outros locais. A obesidade é uma doença, que deveria ser tratada como tal. Ou você acha que alguém quer ser obeso? É importante ter força de vontade para mudar, mas nem sempre só com isso é possível – concluiu.

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