Reeducação alimentar infantil auxilia famílias na rede pública

“A gente comia muita batata frita e hambúrguer. Tomava sorvete, açaí e suco industrializado também. Agora, quase já não comemos mais essas coisas. Tem sido muito bom, pois eu já parei de engordar”. A constatação do estudante Arthur Barbosa de Araújo,  que já perdeu três quilos, foi feita após o terceiro mês de atendimento no grupo de reeducação alimentar infantil – em funcionamento há cerca de um ano na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) do bairro Luizote de Freitas. O projeto é realizado por uma equipe interdisciplinar composta por nutricionista, psicólogo, assistente social e, quando necessário, por enfermeiros, médicos e educadores físicos, além dos familiares.

A nutricionista do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) do bairro Luizote, Mira Balotin Leocádio da Silva,destaca que a abrangência trabalhada com a família em consultório garante o êxito dos atendimentos de cada paciente e a mudança de hábitos no lar. Segundo ela, em muitos casos a obesidade infantil está ligada também a questões psicológicas e sociais.

“Tentamos reeducar a família a se alimentar, pois é um problema que, muitas vezes, vem de tradições e hábitos familiares. Não adianta ensinarmos só as crianças, pois são os familiares quem compram os alimentos e ensinam essas crianças a se alimentar. Com esse trabalho conjunto, percebemos que os resultados dos índices laboratoriais das crianças estão melhores”, afirmou.

Ao lado do filho, o comerciante Antonio Marcos Santos Araújo afirma que a família toda está mais preocupada com a balança e com o bem-estar. “Estávamos exagerando, mas agora aprendemos a comer corretamente e de forma controlada, sentar à mesa e comer junto com a família. Até a harmonia familiar melhorou bastante”, destacou.

Trabalho amplo

Ao longo de 2019 já foram atendidas na UBSF Luizote 68 crianças e adolescentes com quadro de obesidade infantil ou quadro patológico associado, como diabetes ou colesterol alto. No último dia 3, data da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, o Ministério da Saúde fez um alerta: crianças acima do peso possuem 75% mais chance de serem adolescentes obesos, e adolescentes obesos têm 89% de chance de serem adultos obesos. Apontou, ainda, que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos são obesas e 18,9% dos adultos estão acima do peso.

“A obesidade infantil, na realidade, é um problema de saúde pública. Quando olhamos o contexto familiar das crianças com obesidade, normalmente, a gente vê pais obesos e com doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, pressão alta, doenças cardíacas etc. Esse é o caminho que a obesidade infantil leva, uma adolescência e futuramente uma vida adulta doente. Por isso, nosso trabalho interdisciplinar e com a família é fundamental”, contou Mira Balotin.

Em Uberlândia, as unidades básicas de saúde da rede, por meio da atenção primária e do Nasf, oferecem acolhimento nutricional e multidisciplinar à comunidade. Os interessados podem procurar a unidade de referência mais perto de casa para obter mais informações sobre os atendimentos oferecidos.